Para superar as condições desumanas a que estamos sujeitos na sociedade capitalista, é necessário ter disposição para a luta. Mas a experiência nos prova que é preciso mais do que boa vontade para que um movimento de massas se torne expressivo e realmente representativo daqueles por quem luta: é preciso que ele saiba unir a teoria à prática, a intenção à ação; que saiba reconhecer aimportância do método, do jeito de se realizar as tarefas, sejam elas as mais simples, de modo que atinjam efetivamente suas finalidades e não se tornem apenas um protocolo ou um ato burocrático. O livro Trabalho de base é, por assim dizer, um instrumento de organização popular que reúne informações valiosas, aprendidas cotidianamente pelos militantes do Centro de Educação Popular do Instituto Sedes Sapietiæ (Cepis) e de outros movimentos, durante anos de trabalho, e agora compartilhadas com os novos lutadores da emancipação humana. Cada capítulo apresenta ou retoma um tema específico da formação e organização da militância. Focando em assuntos ligados às diversas etapas desse trabalho como a educação popular, a elaboração e as funções da mística, a relação entre os quadros e a massa, além de outras, Ranulfo Peloso e Ademar Bogo, participantes ativos do processo, vão elencando de modo simples e com linguagem acessível os passos que os movimentos devem seguir para que consigam se firmar como meio de transformação social, buscando articular a ação de dar o peixe para quem tem fome, de ensinar a pescar para quem precisa sair da dependência e de elaborar uma estratégia para tomar de volta os rios que se tornaram propriedade privado. O século XXI surge como um tempo de perdas de alternativas, de ideias e iniciativas que levam, cada vez mais, a sociedade à barbárie. Há quem diga que não estamos herdando nada, porque a esperança, que poderia ser a força envolvente, tem perecido com as práticas perversas da política oportunista [...]