Um jovem executivo, diretor da carteira de investimentos de um grande banco internacional, tem sua vida alterada no dia em que se depara com um velho contador de histórias populares. Após estranhas coincidências, ele sucumbe aos argumentos do bizarro escritor e se dedica à leitura dos originais de um livro que, aos poucos, vai revelando parte de seu passado. Quanto mais avança na leitura, o confiante executivo se perturba com os meandros da história que começa numa pequena cidade do interior da Bahia. Um menino sem nome, locutor do serviço de alto-falante da Praça da Matriz, deixa a terra natal para ingressar num circo e termina se envolvendo em lutas e manifestações reais ocorridas durante o ano de 1968. As ruas de Salvador servem de palco ficcional para onde são transportados fragmentos da Guerra do Vietnã, da Primavera de Praga, das manifestações populares na França e das passeatas estudantis no Rio de Janeiro. A perplexidade do intrigado executivo chega ao ápice quando ele, após suspeitar que o provocante livro revela parte dos mistérios sobre o passado de seus pais, constata que o velho escritor abandona a história antes do término. Para chegar ao final e alcançar a verdade, será obrigado a deixar a condição de simples leitor e se transformar em personagem da trama. O Romance do Contista entremeia duas histórias que se desenvolvem em paralelo e se unem num desfecho surpreendente e arrebatador. Alternando verdades e mentiras, a narrativa pode ser vista como parte de um jogo literário, tendo por atrativo uma rica mistura de amor, truques, mentiras, traições, retratos de época, estratégias literárias, batalhas ideológicas, transgressões e apropriações licenciosas de fatos históricos.