Frank Jorge é rock`n`roll literário. O rock como nasceu, cru, ambíguo e desestruturador. É difícil saber quando Frank está falando sério, rindo de tudo, afirmando ou negando. Tem a base do seu discurso poético, como um baixo por baixo. Tem o ritmo, como o da bateria. Um tema, levado pela guitarra base. E um solo, irônico, cortante, de palavra-guitarra. Mas é também literatura. É pra ler em silêncio e deixar o rock-texto rodar dentro da cabeça. São versos-frases. Textos reciclados, pedaços de diferentes texturas de textos e tons e tônicas. Fala contra-fala. Fala na contra-mão do falado, do repisado, da palavra morta. O texto de Frank é também crítica do vazio, do blá-blá-blá, da idéia que não se completa, da redundância, da falta de lógica. Frank revela o absurdo, o abismo do papo furado contemporâneo. Daí a ambigüidade. Na fala dele, tem a citação da fala criticada entremeada pela sua própria crítica. E tem muito mais. Tem o cotidiano banal, igual ao de todo mundo. A vidinha que se leva tentando desesperadamente alçar vôo em direção a algo maior do que ela. Tem versos profundamente sentimentais. O que nos deixa sempre em dúvida se são sentimentais mesmo ou mais uma armadilha do seu rock-texto. Quer saber? Abre logo o livro e vai ler, meu!