Em resposta ao uso de bombas atômicas durante a Segunda Guerra Mundial, Aldous Huxley escreveu O Macaco e a essência . O ensaio, escrito em grande parte na forma de roteiro de cinema, conta a história do mundo pós-Apocalipse. Dois amigos - um deles funcionário da indústria cinematográfica - passeiam por estúdios de Hollywood e quase são atropelados por um caminhão que carrega roteiros recusados a caminho da incineração. Depois de uma curva brusca, alguns manuscritos são atirados para fora do veículo, e um deles em particular, denominado O Macaco e a essência , escrito por um certo William Tallis, lhes chama a atenção. Eis o ponto de partida para a busca frustrada ao autor do texto. O que se segue é não só uma breve descrição do roteiro, mas seu texto na íntegra. Nele, o espectador é remetido ao ano de 2108. O mundo passou pela Terceira Guerra Mundial e apenas uma parte da Terra - a Nova Zelândia - não foi atingida por armas nucleares. Uma expedição de redescobrimento da América tenta verificar o que se passa no mundo após a destruição em massa. Encontra uma terra habitada por babuínos, que têm o domínio, entre outras coisas, de pesquisadores brilhantes que são mantidos presos a coleiras, para que sua genialidade seja utilizada a favor da guerra. A metáfora dos "Einsteins encoleirados", bem como o domínio dos babuínos, foi a forma encontrada por Huxley para criticar os rumos da ciência, utilizada para fins destrutivos. Sua crítica recai não somente sobre o destino dos avanços científicos, como também sobre as várias instituições e ideologias que povoam o mundo moderno, a alienação e as ferramentas de manipulação e massificação do ser humano. Em seu peculiar tom apocalíptico, Huxley ironiza a desgraça do homem, na sua sede de auto-destruição.