costumamos entender o tempo como uma sucessão inabalável de dias, horas, minutos, segundos. em nossas mentes, o tempo se sobrepõe às nossas vontades, atropela os nossos anseios e ignora a nossa própria existência a partir da sua universalidade absolutista. em nossas mentes, o tempo é sempre um só: gigante, ele caminha decidido na sua vagarosidade monorrítmica, sólida, sisuda, impondo-se, soberano, para todos os seres do cosmo. não é o tempo que se encaixa em nossas vidas: nós é que, irrelevantes perante a sua infinitude, nos encaixamos nele. em nossas mentes, o tempo é deus: cego e surdo, mas estridentemente alto. estamos errados: na realidade, o tempo é a mais subserviente das criaturas. basta que saibamos controlá-lo, dominá-lo, adestrá-lo. este livro é uma biografia do tempo.