O ato de informar-se não depende puramente do acaso. Temos a impressão de que notícias caem em nosso colo a esmo. As coisas, entretanto, são menos casuais do que sugere a aparência. Como todo fenômeno complexo, produzir ou receber notícias depende de uma sinuosa cadeia de causa e efeito. E não é à toa que a crise da democracia representativa coincide justo com o declínio material e de meios do jornalismo. Antigas fórmulas de apuração, checagem e correção de dados são hoje desafiadas pelo acesso generalizado a notícias e pela massificação da produção de conteúdos impelidos pelo advento das tecnologias da informação. O atordoante ruído provocado pela oferta em desvario de conteúdo virou ferramenta de grupos, organizações e indivíduos que jogam com a agonia das instituições republicanas e o boicote ao frágil aparato formal das democracias. Em lugares onde a política já amarga uma certa vulnerabilidade, como o Brasil, tal fenômeno assume contornos trágicos. [...]