Escrito próximo da morte de Raul Brandão (Porto/Portugal, 1867-1930) “O Pobre de Pedir” não teve revisão do autor, que foi um dos escritores mais estimados por Herberto Helder. Editado postumamente em 1931, o livro começa com a chegada de um pobre à aldeia. Se, por um lado, o pobre de pedir é uma imagem aterradora pela sua impotência, a sua chegada é também sinal de uma catástrofe iminente, individual ou comunitária: “Sou um monstro que existe para traduzir a vida em palavras e mais nada, até chegar ao automatismo de suprimir a realidade a todos os sentimentos que não impressionam a máquina em que me transformo e que bem queria agora inutilizar. É tarde. É sempre tarde para mim”. Fixação do texto e posfácio de Gustavo Rubim.