Emma Goldman relata nesta sua autobiografia uma vida inteira ligada à luta por seu ideal de sociedade justa, destacando-se como figura emblemática nos movimentos revolucionários de seu tempo. Mas para além do interesse político e historiográfico, o que emerge em “Vivendo Minha Vida” é uma figura humana única, contraditória, profunda. Há um pouco para todo mundo neste livro: os ateus vão encontrar uma mulher blasfema que também simpatiza com a Bíblia católica; as feministas vão encontrar uma defensora de seus ideais que vive em relacionamentos abusivos; os praticantes da luta contra a tirania vão encontrar uma mulher que não consegue se harmonizar com o pacifismo; os adeptos dos catecismos mais simples encontrarão uma mulher culta, amante do teatro, de poesia e de Nietzsche. Até mesmo um conservador de carteirinha como o filósofo alemão Arthur Schopenhauer gostaria de ler esta obra. “A mentira, de fato, é possível em toda parte, mas talvez em nenhum outro lugar é mais difícil do que na autobiografia,” dizia o pensador. Vivendo Minha Vida contém uma verdade a respeito do seu tempo, da vida política, do que é ser uma mulher no mundo moderno, e, sobretudo, da condição humana.