Solange L''''Abbate usou o direito à saúde para nos relatar uma história do Sistema Único de Saúde. Não se trata de uma narração de peripécias historiográficas. Ela não fez reconstituição sistemática de eventos. Nada disso. O que ela revelou foi outra coisa. Falou-nos do modo concreto como diretrizes gerais inscritas na Constituição Brasileira vieram passando à prática. Demonstrou como distintos sujeitos coletivos reinterpretam as mesmas leis, segundo seus interesses e conveniências. Desvelou insuspeitos espaços de entendimento ou de conflito entre distintos segmentos organizados da sociedade brasileira. Sindicatos de trabalhadores e empresários do setor privado de saúde, por exemplo, tanto declararam campos propositivos confluentes - expansão da medicina de convênios e de seguros - bem como linhas de conflito - concepções distintas sobre direito à saúde.