Este livro é um mergulho no universo da pecuária baiana nas duas últimas décadas do século XIX. Ele focaliza as relações entre vaqueiros e fazendeiros numa região do sertão baiano, para entender aspectos da cultura política manifestos no cotidiano das negociações por mais autonomia laboral e melhores condições de vida. Longe do que supunham autores como Euclides da Cunha, não havia uma "servidão inconsciente" dos vaqueiros em relação aos fazendeiros. O livro desvela como a luta pela sobrevivência e pela ascensão social em uma região pobre, assolada por secas e pela guerra em Canudos passava pela construção de valores como dignidade, honra liberdade, orgulho profissional e, até mesmo, de um imaginário sobre as habilidades mágicas do vaqueiro. Nesse jogo de dominação, criava-se e reiterava-se um prestígio social que servia de contraponto cotidiano às tentativas dos fazendeiros de exercer o controle total sobre suas propriedades e seus trabalhadores.