Numa pousada serrana, prestes a serem queimadas na lareira, são encontradas as cartas que um psiquiatra jovem (Neo) recebera de um psiquiatra mais velho, ex-supervisor seu (Telêmaco). Na sucessão de cartas, permite-se reconhecer uma intensa e afetuosa troca de opiniões entre professor e aluno, a respeito das dificuldades relacionais que todos experimentam na vida. Em tom intimista, mas com muita ironia, Neo confessa ao professor as vicissitudes de sua vida amorosa e de sua vida profissional. Telêmaco, embora já aposentado e vivendo numa ilha do Mediterrâneo, mostra ainda ter muito com que ajudar o jovem aluno, na medida em que lhe abre também as experiências que acumulou na vida, enquanto ainda atuava no Brasil. Envoltas num tom de completa informalidade, as cartas conseguem reeditar os diálogos entre duas pessoas que se despojam de seus papéis profissionais para falar abertamente sobre como o ciúme inunda o humano, como a inveja ataca e destrói, como o amor é irresistível e sobre a perturbadora ambivalência da paixão; e falar sobre as dificuldades que todos enfrentam na construção de espaços intersubjetivos.