Personagem sedutora, 'Vigo, vulgo Almereyda', encontrou em Paulo Emilio o escritor sagaz que irá reconstituir-lhe os passos até o final trágico e, com traços sutis, desenhar o perfil de um homem no qual se mesclavam generosidade e oportunismo. O cenário é a Paris da virada do século, onde Vigo, um jovem franzino e solitário, resolve mudar de vida. Abandona o nome ilustre do pai que não conheceu e passa a se chamar Miguel Almereyda - um nome 'onde tem merda'-, para insultar a sociedade indiferente à miséria dos oprimidos. Militante do movimento anarquista, nos enfrentamentos com a polícia revela raro talento de organização, o que o faz temido pelas autoridades. Em 1901, Almereyda troca a agitação das ruas pelo jornalismo libertário. Com a eclosão da Primeira Guerra e já cansado das discussões estéreis entre os companheiros, acaba se aliando ao governo da Terceira República e adquire poder e dinheiro.