O presente livro aborda a histeria feminina e as vicissitudes do processo de identificação que lhe concerne, à luz da teoria psicanalítica freudiana e de PieraAulagnier. Apesar de não ser, muitas vezes, reconhecida com tal, a histeria permanece intensamente presente, apresentando-se, hoje, sob formas disseminadas pelos meios de comunicação, como transtornos alimentares, síndrome do pânico e outras sintomatologias; o foco nos sintomas que se apresentam pode, não obstante, obscurecer o entendimento da constituição psíquica da qual fazem parte. As seguintes perguntas norteiam este trabalho: quais as dificuldades, no caminho percorrido durante o desenvolvimento da psicossexualidade, que levarão a menina a desenvolver um modo de funcionamento psíquico histérico? Qual a relação dessa neurose com a feminilidade, uma vez que foi considerada, durante um longo período dos estudos freudianos, como pertencente ao universo feminino? O capítulo I aborda metapsicologia freudiana sobre a constituição do psiquismo; ainda, nesse capítulo, são discutidas as contribuições teóricas de PieraAulagnier, possibilitando uma maior compreensão acerca dos primórdios do processo identificatório na constituição do Eu. No capítulo II, a constituição psicopatológica da neurose histérica é especificada. Em alguns pontos, há o diálogo com intérpretes da teoria freudiana como Maria Lucia V. Violante, Silvia Alonso e Mario Fuks, OctaveMannoni e outros. No capítulo III, há uma articulação teórica-clínica, onde hipóteses acerca do desenvolvimento libidinal da paciente em questão são levantadas e, a partir disso, de seus conflitos identificatórios.