Desde muito cedo, Groddeck adotou a posição de que não se deve tratar as doenças, mas o homem doente, e que o médico precisa desenvolver em si, na medida do possível, o ser humano. Na psicanálise, vislumbrou a possibilidade de investigar a vida e o mundo e de ampliar a condição humana do indivíduo. Tentou provar por palavras e atos que constitui erro diferenciar as enfermidades corporais e as espirituais, que corpo e alma são em essência a mesma coisa, representando apenas formas diversas de exteriorizar algo desconhecido, a que deu o nome de Isso. A correspondência com Freud é clara expressão deste modo de ver. Outras cartas, endereçadas a outros correspondentes, denotam a mesma busca apaixonada da compreensão do ser humano. Esta correspondência, somada a uma série de ensaios, sobre problemas médicos, sociais e humanos, bem como o texto de suas memórias e relatos de amigos que caracterizam a atuação desta figura marcante de pensador, cientista e terapeuta tornam O Homem e seu Isso, que ora vem a público em português pela Editora Perspectiva, uma fonte preciosa de conhecimento e reflexões sobre a vida da psique e do corpo e um documento precioso sobre os caminhos de quem se dedicou à fascinante aventura de tentar explorar e desligar suas relações.