As relações entre a literatura e o jornalismo foram intensas no Brasil do século XIX. Escritores como José de Alencar e Machado de Assis não construíram sua reputação intelectual e literária apenas com os romances que escreveram, mas também com os textos que estamparam nos jornais do Rio de Janeiro. O leitor poderá avaliar, neste volume, o que se pode considerar a estréia literária de Alencar. Aos vinte e cinco anos, em setembro de 1854, ele publicou o primeiro folhetim da série "Ao correr da pena", no Correio Mercantil. Dez meses depois, o prestígio conquistado abriu-lhe as portas do Diário do Rio de Janeiro, no qual continuou por algum tempo o trabalho de folhetinista. O folhetim, espécie de texto-avô da crônica dos nossos dias, tinha como regra fundamental comentar os principais acontecimentos da semana. Por esse lado, era essencialmente jornalístico. Mas, como devia ser escrito com leveza e graça, favorecia também o exercício da literatura. Alencar soube como ninguém harmonizar esses dois aspectos. Seus folhetins são um documento histórico de inegável valor literário sobre o Rio de Janeiro de meados do século XIX.