Em toda forma de expressão artística - teatro, música, pintura etc. -, o autor se manifesta por meio da obra. E crítica e público, procurando desvendar o que a obra diz sobre seu autor, tentam reconstituí-lo. Em literatura não é diferente: o que um texto nos revela sobre quem o escreve? O que é legítimo deduzir a respeito de um autor, com base no que enuncia o eu poético? Não há fronteiras claras entre essas duas instâncias, e as tentativas de construção do autor empírico, de carne e osso, de suas características pessoais, a partir do que seus escritos manifestam, geram controvérsias. Modernamente, o exemplo mais acabado dessa situação é Fernando Pessoa. Porém tal indistinção não é novidade. Já na Antiguidade clássica atribuíam-se aos autores características e sentimentos manifestados nas obras. Até que ponto os autores da época revelavam- se (ou escondiam-se?) em seus escritos? É a essa discussão, central nos estudos clássicos, que Persona Poética e Autor Empírico na Poesia Amorosa Romana vem dar sua contribuição.