Cascos & carícias reúne crônicas que Hilda Hilst publicou no jornal Correio Popular de Campinas entre 1992 e 1995 e mais alguns textos esparsos, lançados pela primeira vez em conjunto. Há ainda dois textos inéditos, encomendados pela Playboy mas nunca publicados pela revista. Caso o leitor deseje apenas um livro para se distrair, as crônicas de Cascos & carícias oferecem uma leitura inteligente e bastante divertida: no volume estão as mazelas brasileiras tratadas com a irreverência particular da autora de A obscena senhora D, as relações familiares esmiuçadas com um olhar agudo, o cotidiano às vezes divertido e muitas outras bastante angustiado de uma escritora às voltas com questões literárias profundas (mas sempre tratadas de maneira - para dizer o mínimo - originalmente leves). Para o leitor que, por outro lado, está atrás de um documento estético de um período importante da história brasileira, os textos de Hilda Hilst servem de cenário para uma espécie de ópera multifacetada em que personagens de todo tipo se juntam em um espetáculo sempre pronto para revelar seus bastidores. É dessa forma, aliás, que o livro se coloca entre os grandes clássicos da crônica brasileira, como Fala, amendoeira, de Carlos Drummond de Andrade, e Ai de ti, Copacabana, de Rubem Braga. A propósito, vale ressaltar que Hilda Hilst é um dos poucos nomes que alcançou resultados notáveis em praticamente todos os gêneros literários: romance, poesia, teatro e crônica.