O padrão de sucesso pessoal e de enriquecimento material do homem-macho vigente no mundo ocidental não lhe assegura habilidade suficiente para tornar suas mulheres, nem a si próprio, plenamente felizes. A razão disso – revelam os personagens deste livro – é que as profundezas mais íntimas do macho-padrão costumam ser impermeáveis à percepção do feminino contido na essência de cada ser humano do sexo masculino.
Mas como Helio Santos se propõe a oferecer a seus leitores um romance, e não uma obra de autoajuda ou um tratado de psicologia, escreveu uma belíssima história, cuja trama habilmente arquitetada prende a atenção do leitor e a cada passo o sensibiliza. Dela emana apenas de forma subjacente a ideia-força da dificuldade do homem moderno de lidar com seu eu-feminino – que a maioria, na verdade, pura e simplesmente ignora ou tenta renegar.
O Homem Lésbico (uma provocação a que o autor não resistiu) entrelaça com habilidade a história de doze mulheres, começando no início dos anos 1940 no bairro Belo Vista, em São Paulo, e terminando quase sessenta anos depois em Londres. Ao longo da narrativa sucedem-se emoções, alegrias, tragédias e imprevistos que guiam o leitor na busca do fio condutor que une as histórias dessas mulheres.
O livro combina reflexões tão profundas quanto singelas com momentos de irresistível e fino humor. Também oferece uma perspectiva otimista capaz de desenvolver no homem um tipo de afeto adequado à sensibilidade feminina na contemporaneidade. É leitura agradável e proveitosa para todos os gêneros.