Saiana, Minininha, Cabeluda, Juci, Nini, Andréa, Fátima e Gina. Uma soma robusta de oito cafetinas. Ou donas de casa, como elas preferem. Oito contadoras de uma história que seduz o jornalista Sérgio Maggio desde o tempo em que, menino, ele se solidarizava com os ciúmes da mãe diante dos olhares compridos do pai para as misteriosas moças do cabaré. Ou quando, aos oito anos, escondido embaixo da mesa da sala, enchia os olhos com Maria Machadão e as mulheres coloridas do bordel Bataclã, na novela Gabriela. Sérgio Maggio andou por ladeiras de Salvador e curvas de cidadezinhas do interior baiano para escutar não prostitutas, mas cafetinas, as mulheres no comando do prazer e da dor, administradoras de não-ditos na vida das cidades. Na esquina dessas conversas, às vezes tensas, encontram-se duas mitologias, a do repórter que veio buscar segredos e a das cafetinas que, no vício da profissão, tentam adivinhar que mercadoria agradaria mais ao freguês. Nesse jogo de esconde-esconde, as verdades assomam nos vãos da prosa, na existência substantiva dessas mulheres, no absurdo do cotidiano que escapa de todo o controle, na vida que elas gostariam de acreditar que comandam, mas que escorrega por entre os dedos. Estão, todas as oito e cada uma ao seu modo, agarradas à possibilidade de reinvenção pela palavra num mundo que se desmancha, cada vez mais incertas do seu lugar.