apesar de ter sido livrada sobretudo por tropas das mais diversas províncias do brasil, com forte destaque para o rio grande do sul, e constituir o mais importante confronto militar lutado pelas forças armadas do berasil, a chamada guerra do paraguai sempre ocupou espaço menor na historiografia brasileira. a historiografia daqueles sucessos foi sempre uma espécie de reserva de caça dos militares-historiadores do exército de terra do brasil, fortemente influenciados pelos interesses imperialistas do estado brasileiro. mesmo em sua expressão mais refinada, alcançada pelo general tasso fragoso, fundador da história militar crítica entre nós, aquela historiografia encontrava-se e encontra-se epistemologicamente impedida de superar as visões nacional-patrióticas sobre os fatos que analisa, devido a seus pressupostos e objetivos nacionais implícitos. o militar-historiador serve-se das artes de clio para fins exclusivos como o capelão militar prometia as benções de deus apenas para suas tropas. em um sentido mais lato e essencial, os fatos históricos relativos à guerra do paraguai foram sempre fenômenos desconhecidos entre nós. fora raras exceções, jamais tivemos a rica produção revisionista sobre aqueles sucessos que, no uruguai, na argentina e no próprio paraguai, construíram-se a partir sobretudo da leitura que intelectuais federalistas contemporâneos aos fatos realizaram da verdadeira guerra civil e estatal que ensangüentou o sul da américa. no brasil, a única crítica consistente à narrativa nacional-patriótica da guerra e de seus objetivos foi a esboçada, em forma sumária e restrita, pelos positivistas ortodoxos, mais de uma década após o fim do conflito. nos anos seguintes, sequer foram traduzidas ao português as grandes obras uruguaias, argentinas e paraguaias críticas à visão promovida pelos estados vitoriosos. foi singular o autismo da historiografia brasileira sobre aqueles fatos. apenas em 1979, mais de um século após o fim do conflito magno, o ensaio de div