A coletânea Olhos de azeviche traz dez escritoras que estão renovando a literatura brasileira, cuja escrita apresentamos mobilizados por reduzir o abismo que ainda há entre a quantidade e a diversidade das escritoras negras brasileiras contemporâneas e os espaços de divulgação e circulação dos seus textos. A obra representa mais um movimento da Editora Malê para incrementar a visibilidade das escritoras e dos escritores da literatura negra (negro-brasileira/afro-brasileira), propondo que a literatura se enriqueça em diversidade cultural. Apresentamos no livro uma seleção com um marco temporal (final da década de 1970) em que se destacam, em 1979, o lançamento do livro O terceiro filho, de Geni Guimarães, e os movimentos negros de resistência e produção literária, dos quais o coletivo Quilombhoje é o grande representante. Nossa seleção vai até a atualidade, finalizando com uma autora que ainda não participou de nenhuma publicação impressa, mas divulga seus textos em blogs: Taís Espírito Santo. O que se pretende com esta obra é apresentar as possibilidades inéditas ou ainda pouco exploradas de apropriação da literatura, com vistas à construção de um universo literário mediado pelas experiências de mulheres negras e suas subjetividades. Considerou-se, também, o fato de que todas continuam escrevendo, atuantes, renovando a literatura brasileira. Renovando por colaborar para enriquecer o imaginário social brasileiro sobre quem faz literatura no Brasil, por combater estereótipos, por inspirar os debates e estudos sobre a visibilidade das autoras negras no mercado editorial e, principalmente, por oferecer ótimos textos literários, envolventes e prazerosos de ler. São textos com qualidades artísticas e visões de mundo que despertam, de forma positiva, os leitores para a representatividade das escritoras negras, cujo trabalho, surpreendentemente, ainda é pouco divulgado no meio cultural.