Estar em um labirinto em carne viva, um labirinto que é a cidade cinza, enfumaçada, no meio do barulho e do trânsito. Estar em carne viva em um país que é um labirinto de desigualdade social e entrar em rota de colisão, pois o modo de vida não fornece pistas às questões que mais importam como: por que você foi embora? O poeta é esse ser que caminha inadequado e que enxerga aquilo que não é para ser visto nem falado. Se só é possível estar perdido, inclusive no corpo do outro e no seu afeto, o poeta é aquele que o confessa, a despeito da propaganda e da publicidade. O mundo dita que é para você estar feliz, mas lhe tira todos os meios. Os versos de Vermelho como o céu depois se confessam desalento desenfreado, e o seu desejo de unir já pressupõe a separação. Construir pontes parece uma guerra perdida, mas nem por isso se entrega a batalha: a poesia é seu fio de Ariadne. [...]