Este livro resulta de uma tese de Doutorado dedicada à proposta de uma visão discursiva do tempo. A pesquisa, sob a ótica da Análise de Discurso de linha francesa, centra-se na prática discursiva da Central Única dos Trabalhadores (CUT), na qual focaliza a imagem do tempo - o "tempo discursivo", avaliada como predominante e interrelacionada à formação imaginária do destinatário - o trabalhador. O estudo parte do princípio de que o imaginário é lacunar, devido à existência do real. Nesse âmbito, discute como tais lacunas manifestam-se na imagem do tempo. Em seu percurso teórico, a obra se opõe à concepção de temporalidade como categoria que estabiliza a enunciação e constrói procedimentos de análise que demonstram como essa instância indispensável à constituição das representações funciona duplamente: estabilizando e desestabilizando o dizer. Foram analisadas sequências discursivas com expressões de tempo nos jornais da CUT de dois períodos históricos: a década de 80, caracterizada pela ação conflitiva do sindicalismo cutista, e a década de 90, marcada pela ação mais negociadora e conformada à ordem vigente. Uma das questões norteadoras é a diferença do tempo discursivo nessas duas fases, marcadas por circunstâncias sócio-históricas antagônicas. Além de desenvolver a noção de "tempo discursivo", a obra se destaca por analisar discursivamente publicações da CUT, as quais foram objeto de investigação de densas pesquisas realizadas por historiadores, sociólogos do trabalho, cientistas políticos, por exemplo. Por isso, a temática do livro interessa tanto aos profissionais da área de Letras, como aos estudiosos atentos à trajetória política da Central Única dos Trabalhadores.