Eduardo de Almeida gosta de repetir sua máxima: "o melhor detalhe é aquele que não se vê". A frase se refere ao detalhe que condensa aqueles problemas da arquitetura e que merecem atenção, cuidados e desenhos especiais, mas que não deveriam chamar aatenção, sequer deveriam ser percebidos, pelo risco de provocar o interesse de um ornamento, pelo risco de decorar e insinuar um virtuosismo que o arquiteto renega e que comprometeria a síntese da arquitetura moderna. Detalhe imperceptível a um olhar descuidado, mas fundamental para a compreensão do todo. Talvez também haja uma ponta de ironia nesse "slogan", se for levado em conta que quanto mais for se aproximando da difícil concisão formal da técnica, mais imperceptível e indecifrável se tornará essa realidade material para a maioria. De qualquer jeito, a metáfora corresponde ao seu código profissional e coincide com o recurso possível para preservar uma maneira própria de atribuir valor à arquitetura num quadro hegemônico em que o heroísmo, a invenção e uma sorte de realismo estrutural tomaram conta do meio.