Talvez a função primordial dos telefonemas tenha sido a construção, com a pessoa, de uma narrativa a respeito do que lhe acontecera. é fácil perder essa dimensão subjetiva na rotina apressada de um pronto-socorro. Frequentemente, a tentativa de suicìdio deixa de ser tomada como um marco na trajetória pessoal para se tornar pedaço de uma história a ser esquecida, jogada fora, odiada... A ideia, com os telefonemas, além de manutenção da adesão a um tratamento, era de que a pessoa pudesse integrar e ressignificar essa vivência. A narrativa inicial, feita ao telefone, era algo a ser mantido na mente, até chegar ao atendimento em um serviço de saúde.