Desde 1912, Lenin tem a percepção de que a história mundial ingressava numa fase nova, na qual se consumava o desenvolvimento relativamente pacífico do capitalismo e se marchava para conflitos radicais e profundamente significativos, constatação que o conduzirá, entre 1912 e 1916, a um estudo vigoroso para relacionar a multiplicidade dos fatos na análise do imperialismo, exposta no ensaio de 1917. (...) O refinamento teórico da análise de Lenin manifesta-se na concepção de que, de um lado, o imperialismo aparece como um desdobramento dos avanços do capitalismo ('o imperialismo surgiu como desenvolvimento e continuação direta das propriedades fundamentais do capitalismo em geral'); de outro, entretanto, sua consolidação determina que propriedades fundamentais do capitalismo tendam a se converter em sua antítese. Isto significa que esta nova etapa do capitalismo contém elementos contraditórios que permitem caracterizá-la, ao mesmo tempo, como uma estrutura de transição ('O velho capitalismo caducou. O novo constitui uma etapa de transição e algo distinto'). (...) Entre outros aspectos cruciais, a análise de Lenin traz uma questão de relevante consequência política - 'a dominação do capital financeiro, em vez de atenuar a desigualdade e as contradições da economia mundial, o que faz é acentuá-las'. (...) A partir de questões como esta, Lenin estabelece os nexos entre imperialismo, guerra, aguçamento das contradições de classe e revolução proletária, numa sofisticada articulação intelectual que assegura a originalidade de sua contribuição teórica.