O cubano Severo Sarduy vive desde a década de 60 em Paris onde ligou-se ao estruturalismo – foi colaborador da revista Tel Quel – e a Roland Barthes. Não é de estranhar, portanto, que sua ficção sofra influências francesas, inclusive do noveau-roman de Tropismos, de Nathali e Sarraute. A história de um dançarino de cabaré de uma zona decadente da Cuba pré-revolucionária é o pretexto perfeito para a inventividade de Sarduy, um autor que manipula simbolismos, paródia, erotismo e neologismos. O resultado é um conto de amor pouco convencional, um mergulho no delírio e no humor. Sarduy acompanhou de perto a tradução de seu livro para o português. Não poderia ser diferente: a riqueza das imagens que tece e a utilização de dialetos cubanos, ao mesmo tempo em que tornam sua narrativa única, tornam a tarefa de transpô-la para outra língua, no mínimo, um desafio.