LUSTRA (1916), de Ezra Pound (1885-1972), é o primeiro livro na longa carreira do poeta estadunidense, um dos maiores do século XX, a apresentá-lo como poeta moderno: inclui suas primeiras incursões pela poesia oriental; alguns poemas mais longos, precursores da linguagem dos Cantos; parte de suas personae, isto é, o modo peculiar de incorporar textos alheios à própria poesia; e poemas representativos das duas breves vanguardas inglesas, o imagismo e o vorticismo, das quais Pound foi o idealizador e um dos principais articuladores. Também por isso foi o primeiro livro de Pound (que havia publicado antes 6 livros autorais, além de Cathay, livro de traduções do chinês) a receber críticas muito negativas, que iam desde ataques ao verso - que as resenhas deploraram por não perceber mais ligações com as formas fixas utilizadas com virtuo¬sismo por Pound no passado -, até a desqualificação de sua poesia, que teria então se tornado apenas um gestual de desafio. Da mesma forma, sua casa impressora inglesa se negou a publicar parte dos poemas, considerados obscenos.