a solidão do palco. ele escutava a si como se sua solidão estivesse acompanhada. seus lugares secretos, seus sonhos, suas memórias nos quais reinava uma espécie de obscuridade, de grande calma, de profundidade. como solista dançava sua solidão em uma virtuosidade sem descanso, sem parada, sem retomada de fôlego. todo o corpo aparecia numa modéstia fundamental. cada momento do tempo resultava em evento de mistério e profundeza. ele nada anunciava. o desafio e a elegância tornavam-se ato em uma experiência interior. com deleite, guardava-se em reserva até o ponto em que explodia em desmedida. suave momento de alucinação rítmica! ele reunia suas noites sob a luz da cena e transformava as claridades espectadoras em noites moventes aos ritmos da dança.