Na peça Crucial Dois Um, estreia de Paulo Scott como dramaturgo, o escritor tece um universo dividido por muros intransponíveis, regido pela disputa econômica por água potável. A trama ganha contornos distópicos quando somos apresentados ao programa Retorno Vinte e Um, cujo objetivo é proporcionar 21 horas de sobrevida para que sua seleta clientela possa atender pendências burocráticas, profissionais e pessoais. É nesse cenário de fronteiras morais e éticas esgarçadas que acontece o encontro entre duas pessoas que tentam preservar suas dignidades em uma sociedade cuja única premissa parece ser a manutenção do poder. A edição, que tem prefácio e posfácio da dramaturga e diretora Inez Viana e da escritora Veronica Stigger, respectivamente, tem capa do designer André Victor, a partir de obra da artista Carla Santana. Ainda não descobri qual o poder da dramaturgia, mas quando me deparo com um texto como Crucial Dois Um, que subverte ordens, que me tira da inércia como leitora, que [...]