Roger Scruton propõe uma rara combinação transdisciplinar. Nas palavras do autor, seu ponto de vista "ora é filosófico, ora é crítico, ora é musicológico". A riqueza deste livro relaciona-se à pluralidade derivada de tal abordagem. Desse modo, transforma-se Tristan und Isolde num caleidoscópio de conceitos, textos e ritmos. Ademais, Scruton tece um diálogo tão inesperado quanto fecundo entre Immanuel Kant e René Girard - entre outras tantas interlocuções ousadas e criativas. Segundo o autor, se, na superfície, as óperas de Wagner articulam um aparente contraponto com o caráter ascético do cotidiano do filósofo de Königsberg, ainda assim, em sua estrutura profunda, a obra de Kant teria sido "a grande inspiração por trás da visão da natureza humana que foi expressada e legitimada nas óperas de Wagner, e que encontra sua elaboração mais surpreendente e comovente na história de Tristan e Isolde". O livro de Scruton é também uma exploração independente do erótico e do "momento sacramental" que ele contém, do qual a nossa sociedade do sexo instantâneo e da pornografia desmedida está se afastando progressivamente. Scruton vê Tristan und Isolde como um ponto de transição na autocompreensão da humanidade moderna, e também como uma das maiores obras de arte já concebidas.