A investigação empreendida por Daniela Viola, nesse trabalho que o leitor tem agora em mãos, demonstra a potência da pesquisa em psicanálise, quando empreendida por um autor. Essa condição de autora, em Daniela Viola, é patente e vigorosa, posto que ela nos franqueia um pensamento, ou seja, algo cuja existência se impõe a quem não o pensou, como disse Jean-Claude Milner ao referir-se a Lacan em A Obra Clara (1996). Os grandes méritos da autora, que soube colher os ensinamentos metodológicos não formulados em um discurso do método, mas expressamente praticados por Lacan, podem ser testemunhados a cada passagem em que suas proposições se afirmam: retomando o que é geralmente tomado como dado nas obras de Freud e Lacan para ali encontrar um campo de sombras; interrogando articulações expressas para refazê-las e nelas descobrir formulações até então inauditas.