Feras de lugar nenhum é o livro de estréia de Uzodinma Iweala, de 23 anos, uma das grandes atrações da Festa Literária de Paraty (Flip) deste ano, que acontece entre de 9 a 13 de agosto. Lançado dentro da linha editorial .A novidade vem de fora, uma das grandes apostas da Nova Fronteira, o livro do jovem autor já ganhou prêmios como o Young Lions Fiction, promovido pela Biblioteca Pública de Nova York, e o Discover Great New Writers, na categoria ficção. De uma hora para a outra, a vida do menino Agu vira de cabeça para baixo: a paz da aldeia em que vive com seus pais e sua irmã é rompida com a chegada de uma milícia liderada por um homem louco e cruel. Sozinho, afastado de sua família, Agu é obrigado a matar para não morrer ao ser recrutado como o mais novo soldado do grupo, presenciando os horrores de um conflito que não compreende. E se tornando parte deles. Nesse romance lançado em novembro de 2005 nos Estados Unidos e na Inglaterra e já consagrado pelo público e pela crítica, seres humanos são reduzidos a seus aspectos mais primitivos, tornando-se feras que promovem a violência e a morte. Ao escolher Agu como narrador da história, Iweala potencializa os horrores presenciados e promovidos pelo menino: é sua voz infantil que nos conduz pela guerra e seus horrores; é ouvindo suas hesitações e pudores de criança que assistimos à sua transformação de menino-que-quer-ser-engenheiro a menino-monstro. A inocência de Agu vai sendo encoberta por assassinatos, estupros, saques e toda sorte de atos criminosos que sofre e que executa. Tornou-se um soldado e cumpre o seu dever, mas ainda se lembra dos ensinamentos da mãe e fica confuso: como pode agora matar sem vomitar ou desmaiar como nas primeiras vezes e continuar temendo a Deus e querendo ser um bom menino?