O Legado de Violações dos Direitos Humanos no Cone Sul, de Luis Roniger e Mario Sznajder, constitui um dos mais contundentes estudos sobre a herança do autoritarismo nas democracias recém-estabelecidas do Cone Sul. Numa perspectiva comparativa e multidisciplinar, demonstra como a Argentina, Chile e Uruguai se posicionaram diante desta verdadeira Caixa de Pandora seguindo trajetórias institucionais diferenciadas e oferecendo padrões de interpretações contrastantes para um passado recente. Através de um corpus documental inédito, apresenta um amplo painel sobre as práticas da repressão durante regimes militares e, até mesmo, democráticos. À luz deste debate – se não dilema – revela-se a fragilidade das democracias que, na contramão da História, se deparam, muitas vezes, com sistemáticas violações dos Direitos Humanos. São páginas em que pesquisa, análise e crítica fazem saltar à evidência situações profundamente indignas do homem, de sua condição moral, que exprimem a vivência individual e a experiência coletiva do sofrimento. Ao insistir na necessidade universal de preservar e afirmar a dignidade do cidadão e do homem, com base nos direitos que lhe são inerentes, esta obra, que a editora Perspectiva leva ao seu leitor, também lhe proporciona um conjunto de elementos para sua reflexão sobre um capítulo da história do Brasil contemporâneo que continua a assombrá-lo: o da ditadura militar vigente em nosso país entre 1964 e 1985. Assim, e com a somatória de tudo isso, os fatos parecem não apenas dizer, mas bradar que a história dos direitos humanos nas sociedades do Cone Sul é, em si e por si, uma microética da humanidade cuja relevância não pode deixar de ser reconhecida por toda a parte.