E, naquele ano, a peste se espalhou na velocidade do ódio. Os personagens de Diário da Peste se chamam Jota, Efe, Eme, Agá, Tê, Vê\u2026 Apenas letras, como os protagonistas de Kafka, em O castelo e O processo. Não é para menos: a epidemia de 2020 criou um enredo absurdo que poderia ser chamado de kafkiano. O cotidiano de Jota, como o de muitos adolescentes, é um caldeirão de redes sociais, notícias, canções, livros, filmes e séries. Mas, neste ano, o garoto se vê diante do medo e da insegurança provocados pelo vírus, que se somam às demais maldades do mundo: a ganância, a violência, a intolerância, o ódio. A válvula de escape, para Jota, pode estar no poder criador da imaginação e da palavra. Incentivado por seu terapeuta, o rapaz, que gosta muito de literatura, arrisca-se a escrever também a sua história. Luís Dill mergulha o leitor nas dúvidas, angústias e planos de um jovem em crise, mas também no turbilhão de discursos antagônicos que é marca registrada do nosso tempo.