Entre 1969 e 1973, a tortura de presos políticos tornou-se política do Estado e a meta do governo era o aniquilamento da esquerda armada. A ditadura escancarada, segundo volume da série de Elio Gaspari sobre os anos de chumbo, trata desse período, o mais violento do regime militar. Ao tratar das sevícias, Gaspari diz que o regime fazia da tortura de presos seu instrumento primordial de investigação, vangloriava-se de seus resultados e não pretendia mudar de posição". De 1964 até 1968, foram apresentadas 308 denúncias de tortura por presos políticos nos tribunais militares do país. Em 1969, elas somavam 1.027, chegando a 1.206 em 1970. Essa linha, imposta pelo presidente Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), corria paralela a uma forte expansão econômica em todo o país. Em 1973, auge da repressão, o PIB brasileiro crescia 14%, índice nunca antes registrado. Era o chamado milagre econômico. O milagre econômico e os anos de chumbo foram simultâneos [...]