Em O mar não sofre coisa morta, a morte, o luto, a violência física e simbólica e o amor marcam a construção de nove contos compostos em diferentes estilos narrativos, apresentando-se como temas cruciais do fazer literário do autor. No conto de abertura, Lourdes, um clima frio e recluso é retratado na sequência de ações que levam uma dona de casa a fazer o reconhecimento do corpo de seu irmão assassinado. A presença da morte permeia alguns dos outros contos, como Véspera de Páscoa, em que quatro mulheres são imersas em um cenário de crueldade, violência e corrupção institucionalizadas, e que nada perde para a realidade que nos cerceia. Leonardo Paiva, com uma escrita simples, mas afiada, leva o leitor a uma experiência-limite, ao lado dos personagens que vão se afogando, se sentindo falsos e culpados pelas memórias que os atingem ou pelas ações que realizam.