O intelectual e escritor Iuri sofre com a própria mediocridade. No auge do seu desconforto, decide que necessita mudar radicalmente, e transformar-se em outra pessoa. O rapaz tímido, magro e muito alto, começa a frequentar academias de musculação e praticar luta livre, sem regras e sem limites. Pouco a pouco ele se transforma numa espécie de monstro que nos fascina e aterroriza. Seguir sua trajetória é sair das especulações elegantes do ingênuo Iuri sobre literatura para a violência do dia-a-dia das lutas clandestinas. É inevitável sentir uma opressão física quando se lê Berço de Judas, porque o protagonista-narrador nos arrasta para seu mundo sem nenhum pudor. Do confortável mundo da literatura para a parte mais sórdida da noite de Porto Alegre, para os bordéis baratos e para uma paixão desesperada por uma mulher desafiadora, militante da liberdade sexual e de todas as liberdades, que aprisiona Iuri em sua rede de prazer e ansiedade. Berço de Judas, de Jéferson Assumção, é (...)