O livro que Camillo nos apresenta se localiza nessas fendas que o tropicalismo soube produzir - e que ressoam até hoje. O pano de fundo é a Ditadura Civil-Militar no Brasil e o tropicalismo é tomado aqui como uma proposição política que desloca as plataformas de direita e esquerda, as coordenadas de esclarecimento e persuasão, entre outros pares que Roberto Schwarz aponta em suas leituras do movimento e, sobretudo, de Caetano. A equivocidade, as margens, a linguagem, a superfície, a experiência, são os lugares que Camillo invoca para traçar o tropo tropicalista. Mas não pensem que esse livro é só um acerto de contas com o passado - o que por si só já é muito - , ele tem a força de intervenção no presente. Camillo não recua diante do desafio que nos coloca o tropicalismo - e com ele toda a matriz antropofágica da arte brasileira - que é mobilizar a alegria diante do que não cessa de se apresentar como triste trópico.