Há muito tempo este livro me pedia para ser escrito. Essa coleção é a voz de todas as mães que foram silenciadas, ameaçadas e abusadas. Todas as palavras não ditas na hora necessária, por medo ou perplexidade, se encontram agora declaradas em nome de todos os filhos que perguntam com esperança: mãe, meu pai mandou mensagem?, e também em nome de todas as mães que sozinhas se matam cotidianamente, se anulam para educar e ainda são julgadas por isso. Pais ausentes não sabem em que ano o filho está na escola, não sabem dos remédios que causam alergia e nem onde está a certidão de nascimento. Não sabem a diferença entre gripe, bronquite e resfriado. Alguns ainda confundem estar presentes com presentear. Mas não sabem se a cria se machucou no futebol, perdeu a boneca ou quantos dentes ainda faltam cair. Não sabem o que sonham os filhos e quais traumas eles irão tratar. Essa cultura da ausência, muito legitimada pelo machismo de cada dia, nem sequer provoca alguma culpa, o importante é (...)