Província da escritura: esta é a nacionalidade da literatura de Juliano Garcia Pessanha. Uma pátria linguística erma, porém prenhe de uma estranha e estrangeira esplendidez, na qual o autor faz ouvir o grunhir das crianças rasgadas pela dor, crianças kafkanizadas, dos seres arremessados ao mundo sem as devidas imunizações iniciais ofertadas pelo cuidado. De fato, aqui a estrangeirice da palavra é a um só tempo a margem e o centro. Transborda em viva literatura enquanto terra de uma retaguarda e de uma espera. O autor vivifica, com o intuito de colorir o negativo, termos como cuco e minotauro inicial, conceituando-os, como que alçando-os à condição de conceito delineador de uma literatura que celebra a palavra visitante que eclode do homem destituído de defesas. Neste compêndio do desterro reside a palavra Heidegger desmistificada, a palavra Kafka, enfim, como norte. Juliano Garcia Pessanha mistura ensaio filosófico, aforismo-poético e heterotanatografia para compor uma (...)