Após conquistar milhões de leitores com as aventuras de Montalbano, comissário na fictícia Vigàta, Sicília, Andrea Camilleri faz uma viagem ao passado. Em 'O rei de Girgenti' - romance vencedor do Prêmio Mondello de 2002 -, o autor volta a essa mesma região para contar a história de um personagem que de fato existiu; Zósimo, um camponês que, por pouco tempo, foi rei da cidade de Girgenti, atual Agriento, cidade natal do autor. O rei de Girgenti reina na Sicília dos séculos XVII e XVIII, uma região rural que, mesmo após o Renascimento, ainda vivia na Idade Média, e onde os nobres tinham poder de vida e morte sobre os servos de seus feudos. Mas Camilleri não faz aqui um romance histórico. Prefere o caminho da fantasia para narrar as aventuras desse filho de camponeses. Um garoto que aprende a falar ainda no berço e, aos 3 anos, já se comporta como se fosse crescido. Torna-se um adulto precoce, culto e muito inteligente, o que faz com que exerça uma liderança natural sobre os trabalhadores braçais de sua região. E o coloca em antagonismo direto com a nobreza e o clero.