Surpreendente e "cinematográfico" livro sobre os primeiros anos de São Paulo. E ainda mais surpreendente porque é construído em torno de um fascinante retrato de mulher. Inês Monteiro foi figura marcante na história de São Paulo, durante o final do século XVI e início do XVII. Tendo vivido há 400 anos, portanto, ainda assim foi uma precursora da mulher deste fim de milênio. O pano de fundo do livro é uma São Paulo rústica, verdadeira terra de ninguém, abandonada à sua própria sorte pela Coroa. Desse abandono talvez tenha nascido o irresistível talento de empreendedor do paulista. A grande aventura vivida por esses bravos homens e mulheres petulantes, criativos, desbravadores que construíram São Paulo, está toda aqui nessa incrível epopéia.Desfilam por suas páginas com grande humor e de forma assumidamente barroca os ferozes bandeirantes preadores de índios, que se denominavam homens bons (os ancestrais da nossa elite), jesuítas, beneditinos, franciscanos (tentando impor a civilização cristã a um mundo de hereges), índios (massacrados e escravizados), portugueses, espanhóis, náufragos, degredados, piratas (geralmente ingleses), ciganos e mais figuras velhas conhecidas nossas, como Amador Bueno, D. Francisco de Souza governador-geral do Brasil, dito o das manhas, Fernão Dias Paes, João Ramalho, Raposo Tavares, Tibiriçá, sua filha Bartira e muito, muito mais.