A metrópole imaginária conta a história de uma cidade decadente, mas orgulhosa de suas idealizações. Em Uberaba, no interior de Minas Gerais, as elites agrárias, urbanas, ilustradas e políticas que animavam as associações culturais, os clubes recreativos e as solenidades públicas em meados do século aprenderam a ignorar o caráter semirrural de sua empobrecida comunidade, para encenar uma vida de requinte cosmopolita. Porém, o objetivo dessa teatralização não era satisfazer vaidades pessoais, mas provocar o deslumbramento dos conterrâneos para naturalizar as violências perpetradas sob o discurso da civilização. A partir da perspectiva da História Cultural, o livro explica as artimanhas empregadas na criação e consolidação desse imaginário, tais como o comércio simbólico de autoelogios circulares nas colunas sociais da imprensa local e o teatro de homenagens que atribuíam valores superestimados aos membros daquele circuito, enquanto as figuras indesejáveis eram estigmatizadas.