A Escrituras Editora, dentro da Coleção Ponte Velha, edição apoiada pelo Ministério da Cultura de Portugal e pela Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLB), publica Corpo Insurrecto e outros poemas, de Luiza Neto Jorge, organizado por Floriano Martins e ilustrações de Valdiney Souza Suzart. Quando publicou seu primeiro livro, A Noite Vertebrada, em 1960, Luiza Neto Jorge não podia saber que a poesia portuguesa se aproximava de um momento de cintilação muito particular, que passaria por uma fortíssima consolidação das grandes linhas fundadoras da poesia moderna. E menos ainda poderia supor o quanto ela própria viria a ter, neste contexto, um papel de inquestionável relevo. Poucos poetas terão explorado tão eficazmente quanto a Luiza Neto Jorge o fato de a irredutibilidade do discurso poético constituir uma forma de resistência à ordem que se inscreve na língua comum. Sua poesia sempre procurou inscrever na própria língua, que subordina a uma nova gramática, a voz da insurreição, sendo, em todos os momentos, dinamitadora das evidências e do senso comum. Sendo, na expressão da poetisa, "um traço de alarme".