Com depoimentos inéditos, publicados na íntegra, rigorosamente sem cortes. Livres das limitações de espaço de jornal, os depoimentos de Cartas ao Planeta Brasil expõem o pensamento completo dos entrevistados. Um trabalho cuidadoso de reportagem. Um documento sobre a história brasileira recente. O ex-líder das Ligas Camponesas, Francisco Julião, revela que Che Guevara tinha planos de no entrar no Brasil pelo Mato Grosso e conta por que Fidel Castro ficou fascinado pela figura de Jânio Quadros. O ex-técnico da seleção brasileira, João Saldanha, narra o episódio patético que viveu no Uruguai com o ex-presidente João Goulart diante de uma mesa posta para convidados que, por medo, não apareceram e conta como foi impedido pela polícia política de embarcar para a Copa do Mundo do México, em 1970. Gilberto Gil dá um depoimento tocante sobre como foi composta a música Cálice numa Sexta-Feira da Paixão sob a ditadura do AI-5, em parceria dramática com o censurado Chico Buarque. O militante comunista Gregório Bezerra, torturado publicamente nas ruas do Recife em 1964, faz uma longa autocrítica dois meses antes de morrer e, corajosamente, culpa a esquerda pelo golpe militar. O cineasta Arnaldo Jabor investe contra os "cafetões da miséria" e diz que quem primeiro lhe falou sobre abertura política no Brasil foi Glauber Rocha, o amigo que "morreu de nojo de ver tanta canalhice instalada no país". Gilberto Freyre declara-se o único gênio do país, só comparável a Aleijadinho e Villa-Lobos, mas confessa que em casa chegou a ser tido como débil mental. Henfil reponsabiliza os compositores pelo aumento da dívida externa. O poeta João Cabral de Melo Neto garante que o clássico Morte e Vida Severina não lhe satisfaz e diz por quê. Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, aponta pela primeira vez quais são as músicas que ele assinou mas não compôs. Caetano Veloso confronta a Bossa-Nova com a Jovem Guarda e discute o papel de Roberto Carlos na MPB. Dom Hélder Câmara diz o que ouviu do Papa sobre a Igreja do Brasil.