A Crise do Supereu e o Caráter Criminógeno da Sociedade de Consumo encerra uma aguda análise sobre os aspectos sociais e subjetivos da criminalidade contemporânea. Tomando por eixo central a realidade brasileira, insere-a no contexto global para abordar a passagem da Modernidade para o que se denomina Pós-modernidade, com a superação de uma sociedade de produção por um modelo que se funda no consumo. Delineado o panorama social, cuida então das mudanças experimentadas pelos sujeitos envolvidos na dinâmica transicional exposta. Pela Psicanálise, mergulha nos processos de construção das subjetividades, do desfazimento de uma rede social amarrada na Lei e do declínio do Outro diante de um Eu ávido por gozar. Desfazem-se os laços que continham a violência de impulsos primitivos, que atualmente circulam livres, manifestando todo seu potencial de destruição. Avança a criminalidade, numa funesta marcha que denuncia a insuficiência do aparato estatal destinado a barrá-la. Desvela-se a crise de legitimidade por que passa o sistema repressivo do Estado e, em especial, o Direito Penal, que cada vez mais se apresenta como um instrumento de poder a serviço da elite econômica. Nesse contexto, evidencia-se que a contenção da violência que hoje assombra o país depende muito mais do resgate de valores éticos que do reforço de um sistema penal historicamente corrompido e desvinculado da realidade. Destas páginas, portanto, emerge um trabalho calcado na abordagem interdisciplinar, imprescindível ao estudo de fenômeno tão complexo como a criminalidade. Verdadeiro elogio aos ideais pós-positivistas, traz a ética como referência à superação do positivismo e sua crença na pureza e isolamento dos saberes, realçando a necessidade de se conferir uma função social a toda produção científica.