O professor anda perplexo com tudo aquilo que vem acontecendo com ele, com a escola e com a sociedade. Há uma profunda mudança na relação Escola-Sociedade e parece que não nos demos conta suficientemente disto. A produção do homem é algo que, em tese, cabe à sociedade como um todo fazer. O que tem ocorrido é que paulatinamente esta função tem sido transferida para uma instância particular: a escola! Há um movimento progressivo: a aprendizagem de condutas e de saberes passa das famílias e das comunidades à escola (desde os hábitos educacionais elementares: escovar dente, amarrar sapato, respeitar os mais velhos, etc.). Por outro lado, hoje o professor está órfão de pai (Estado - que representa os interesses da classe dominante) e de mãe (Sociedade Civil): de pai, porque o Estado já não precisa tanto dele para a formação de mão-de-obra e para a inculcação ideológica, e de mãe, porque a Sociedade, a Comunidade, não identifica o professor como um aliado, uma vez que "já não se fazem professores como antigamente". Vivemos, pois, este paradoxo: nunca se precisou/pediu tanto do professor e nunca se deu tão pouco a ele - tanto do ponto de vista da formação, quanto da remuneração e das condições de trabalho. Entendemos que, mais do que nunca, é o momento do resgate do professor como sujeito histórico de transformação, se comprometendo com a alteração das condições de seu trabalho, tanto do ponto de vista objetivo, quanto subjetivo e articulando um novo Projeto Político-Pedagógico. Este é o eixo da reflexão nesta obra.