Queridos amigos da AMARIV e da ASCAMARE, quando eu entrei no mestrado, escolhi a profissão do catador, dentre as várias listadas, para estudar a invisibilidade social, porque foi a que mais me chamou a atenção. Mas eu sempre me questionava sobre como eu poderia escrever sobre o catador sem conhecer de perto o trabalho que ele desenvolve. Foi neste momento que eu decidi sair dos bancos da biblioteca e entrar no mundo de vocês: catadores. Os dias que antecederam o início dos trabalhos foram marcados por grande ansiedade: eu me questionava sobre como seriam nossos encontros semanais, se eu conseguiria me aproximar de vocês e, ao mesmo tempo, respeitar a individualidade de cada um. Procurei, em todos os momentos, quebrar qualquer distância que pudesse existir entre nós e, hoje, eu posso afirmar com toda certeza que isso só foi possível, porque vocês me acolheram desde o primeiro momento. Sem julgamentos e sem perguntas, apenas com um carinho que eu só tenho a agradecer. Mesmo diante de tanta luta, porque agora eu sei o quanto o trabalho do catador é pesado, vocês conseguem trabalhar com um sorriso no rosto e não perderem as esperanças de conseguirem condições mais dignas de trabalho. Posso sair daqui não sabendo separar corretamente os materiais, porém certamente eu aprendi, desde o primeiro dia nas associações, o companheirismo, o amor ao próximo e lutar sem nunca pensar em desistir, com muita garra sempre, porque vocês são verdadeiros guerreiros.