Em O ofício, uma novela em duas partes (Remesló, 1985), o cultuado escritor russo Serguei Dovlátov (19411990) descreve com impagável (auto) ironia as peripécias de seus manuscritos sua biografia literária em dois momentos da vida: na URSS e nos EUA, após ter emigrado (1978). A primeira parte da novela, O livro invisível, escrita entre 1975 e 1976, retrata as tentativas frustradas de publicação do jovem escritor na União Soviética, onde prevalecia uma burocracia ilógica e absurda. Também é descrita a talentosa geração de escritores dos anos 1960 de Leningrado (atual São Petersburgo) da qual fizeram parte Anatóli Náiman, Evguéni Rein, Joseph Brodsky e Vladímir Maramzin. Em O jornal invisível (1984/85), Dovlátov narra o início de sua vida nos EUA, os quiproquós de um jornal russo nova-iorquino, e o começo de seu reconhecimento como escritor. A segunda parte do livro mostra, hilariamente, o estranhamento do refugiado soviético por entre os arranha-ceús de Nova Iorque, que é a tal (...)